Gizella Rodrigues - Correio Braziliense
Publicação: 26/01/2009 08:28
Todos os dias, o escritor Alexandre Pimentel, 44 anos, pula da cama antes das 7h e faz uma caminhada de uma hora pelas ruas da Asa Norte. Ele anda da 709 a 716 Norte, mas o hábito não é apenas uma forma de praticar atividade física. Pimentel é fascinado pela diversidade vegetal de Brasília e sempre aproveita para colher frutas de árvores espalhadas pelo caminho. Muitas vezes, precisa carregar um carrinho para transportá-las. Há um ano, porém, ele decidiu levar um pouco do que encontra pelas quadras do bairro para perto de casa. Com a ajuda de amigos e vizinhos, o escritor cultiva um jardim na área verde em frente ao prédio onde mora, na 709.
O jardim é um misto entre horta e pomar e reúne espécies frutíferas, ervas medicinais e temperos. Algumas flores e plantas ornamentais também enfeitam o ambiente. Tudo que é plantado pode ser colhido por qualquer morador da região — o jardim não tem cercas, é totalmente aberto. “Acho uma tolice quem mora em um lugar desses ir ao supermercado e comprar frutas cheias de agrotóxicos. Eu sempre pego as frutas da época diretamente do pé. Aproveito o tempo que gastaria indo ao supermercado para ganhar saúde”, afirma Pimentel.
O escritor procura levar a vida de uma forma totalmente natural. Ele é vegetariano e não come nada de origem animal. Também prefere tomar chás a comprar remédios vendidos em farmácias. Por isso, o jardim nasceu com o plantio de algumas ervas medicinais, como folha-santa, boldo, melissa e erva-cidreira. “Às vezes, uma das crianças tem dor de barriga e é muito mais fácil arrancar umas folhinhas de boldo do que gastar gasolina e ir a uma farmácia”, diz. “Parece simples, mas a vida é simples assim. As pessoas que complicam”, diz.
Aos poucos, a iniciativa de Pimentel teve repercussão e o jardim cresceu. Com mudas doadas por vizinhos, amigos, conhecidos ou compradas do próprio bolso, ele plantou uma mangueira, um abacateiro e duas bananeiras. A variedade de ervas também cresceu. Pimentel tem plantados pés de dente-de-leão (muito usada contra o diabetes), babosa (que é cicatrizante) e neem (uma erva indiana com poderes antisépticos). Isso sem falar nos temperos como alecrim, manjericão e manjerona, que a família usa para cozinhar.
Cuidados
Quando chega da caminhada matinal, Pimentel passa meia hora cuidando da plantação. Aos fins de semana, porém, fica horas podando as mudas e plantando novas árvores. Sempre é ajudado pelos filhos, principalmente pelas caçulas Shanti, 9 anos, e Naline, 6. Elas pedem para colocar as mudas nos buracos abertos pelo pai e para cobri-las com terra. É como se fosse uma terapia familiar.
Quem mora perto do pomar admira o cuidado do escritor com as plantas. Antes de o jardim ser criado, os vizinhos eram obrigados a conviver com o mato alto na área. Agora, eles podem usufruir das ervas cultivadas ali. A esteticista Márcia Noronha, 46 anos, plantou flores no jardim e quer semear um ipê no local. “Se todo mundo fizesse um pouco do que ele faz, Brasília seria muito mais bonita”, diz.
AJUDE O JARDIM
Alexandre Pimentel quer ajuda para aumentar ainda mais o jardim. Ele pede a doação de mudas de árvores, principalmente de espécies frutíferas. Se você puder colaborar, ligue para 3964-4546 ou 9228-9449.
2 comentários:
isso é mudar o mundo!
obrigada danielle pelo post!
Dany, tem gente que não espera a mudança no outro e começa pelo simples e objetivo.
Tem gente que só de pensar em plantar, já imagina no "trabalhão" que dá para cuidar e não faz nada.
Sim, vamos fazer a diferença, sem ter a necessidade de se fazer notado, com simplicidade e muita alegria.
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