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sexta-feira, 27 de abril de 2018

RESENHA - O Guia Completo das Plantas Medicinais




Este livro, recém-lançado pela editora Cultrix, tem como subtítulo “Ervas de A a Z para tratar doenças, restabelecer a saúde e o bem-estar”. Foi escrito por David Hoffman, um herbalista famoso nos Estados Unidos, que já teve publicado no Brasil seu livro Elementos de Herbalismo, um compêndio básico facilmente encontrado em sites que comercializam livros mais antigos, como o Estante Virtual.

A primeira parte do livro, chamada "Abordagem Holística", é bem interessante e traz temas como autocura e ervas e ecologia.

Depois, o livro começa a ser dividido em sistema circulatório, sistema respiratório, olhos, ouvidos e garganta, sistema digestório, sistema nervoso, pele e assim por diante.

Por fim, são oferecidas uma série de informações sobre ervas, como, por exemplo seus preparos e sua colheita.

O grande problema é: trata-se de uma tradução. O livro foi escrito para a realidade americana, e as ervas simplesmente não são encontradas aqui. Para que queremos um livro de ervas cujos ingredientes não podemos encontrar? Para mim, pelo menos, não faz o mínimo sentido.

Vejam alguns exemplos desses problemas:

Página 115
Chá para acne
Aparine
Equináce
Escrofulária
Fitolaca
Íris

Página 147
Para ameaça de aborto
Falso-unicórnio (raiz)
Ginseng-azul
Noveleiro

Página 160
Cálculos renais
Colinsôna-canadense
Estigma de milho
Eupatório-roxo
Hidrângea


Você já ouviu falar em alguma dessas plantas? Elas fazem sentido para você?

Enfim, trata-se de um bom livro e, com ele, você poderá aprender muito sobre diversos problemas de saúde, além de sua prevenção e cura. No entanto, você não conseguirá aproveitar o livro totalmente, porque a grande maioria das receitas contém ervas que nunca vimos por estas terras brasileiras.



sábado, 20 de fevereiro de 2016

"Alvos Anis", livro de poesias de Alexandra Oliveira



Recebemos aqui no blog o livro de Alexandra Oliveira, figura bastante conhecida no meio pagão, autora de um blog que eu simplesmente adoro, o Sofá da Alex, e também grande divulgadora do reconstrucionismo helênico no Brasil.

Alexandra começou a escrever poesias muito cedo, assim que entrou na puberdade, e sua principal influência foram os escritores modernistas e românticos. Além desses escritores, Alexandra também foi fortemente influenciada por seu avô paterno. Depois que Alex já havia escrito diversas poesias, seu avô encontrou um de seus cadernos quando ela tinha apenas 16 anos e ficou encantado com a qualidade desses, incentivando-a a escrever ainda mais. Após sua morte, deixou para ela vários livros de escritores românticos.

Alexandra sempre teve em mente que, antes de aprender outras línguas, deveria conhecer bem a sua própria. Por isso, desde a mais tenra adolescência consumia livros de autores consagrados e chegou a ser monitora de redação no ensino médio. Mais tarde, formou-se em Psicologia, em Letras e especializou-se em Língua Portuguesa.

O tempo passou, Alexandra seguiu escrevendo e, em 2015, publicou seu primeiro livro pela Editora Pragmatha, Alvos Anis, com 91 poemas selecionados por ela mesma, expostos em ordem cronológica. Aliás, por meio desse tipo de apresentação, fica clara toda a evolução do trabalho de Alexandra, com poemas que vão da inocência da infância e adolescência (com “Tolice” e “Versos de papelzinho” por exemplo) até poemas mais maduros, produzidos há pouco, em 2013.



No livro também há poesias em outras línguas, como “Professoressa” e “Magari”, em italiano, “España, em espanhol, e “The same” e “Spirit”, em inglês, o que, em minha opinião, comprova que Alexandra é mestre na arte de poetizar, pois, quando um autor consegue expressar a formalidade poética em outros idiomas, para mim este é um dos sinais de que atingiu sua maturidade e dominou a técnica.

Meus preferidos são “És me amor, sou tua amante” e “És donzela, eu cortesã”, com destaque para o ponto alto da produção de Alexandra, “Temíscera”, que é uma releitura de “Vou-me Embora pra Pasárgada”, de Manuel Bandeira, em uma poderosa versão feminina e amazona.

No livro também há referências religiosas, como em “Persephone” e “Ares” (em inglês) e o lindíssimo “A Ártemis”.

Ao ler este livro, você terá a oportunidade de acompanhar a maturidade profissional de Alexandra como escritora e poderá apreciar belíssimos poemas, todos movidos a paixão pelas letras, pela arte, pela beleza e pelos deuses.


Link para quem quiser adquirir o livro: http://www.pragmatha.com.br/produto/alvos+anis/119




terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Árvores do Brasil - Cada Poema no seu Galho" - Resenha


No Ano Internacional das Florestas, a Editora Peirópolis lança um lindo livro ilustrado sobre as árvores do Brasil. Em uma edição caprichada, com capa dura e papel especial, os conhecidíssimos Lalau (autor) e Laurabeatriz (ilustradora) nos brindam com o livro "Árvores do Brasil - Cada Poema no seu Galho", com poemas que homenageiam as árvores mais importantes do Brasil (três de cada bioma) em 56 páginas.

O miolo do livro foi impresso com papel especial, o que lhe valeu o selo verde de certificação concedido pela FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal), que garante a origem da madeira utilizada.

Na obra há poemas (e, é claro, ilustrações) sobre o pau-brasil, a araucária, o jequitibá, o ipê-do-cerrado, o buriti, o jatobá-do-cerrado, o juazeiro, o mulungu, o umbuzeiro, o ipê-roxo, o jenipapo, o pau-forminga, a castanheira-do-pará, o piquiá e o mogno.

Além do caráter artístico da obra (que traz ilustrações bastante coloridas, com traços muito criativos), é possível explorar também seu lado educacional, já que, nas ilustrações, as árvores estão sempre acompanhadas de um representante da fauna do Brasil que mantém alguma relação de vida com ela, ou seja, a procura de um alimento, furtas, folhas ou mesmo como abrigo. Por exemplo, logo abaixo do poema sobre o pau-formiga você encontra informações sobre o tamanduá-mirim.

No final da obra, há também informações e curiosidades sobre cada uma das árvores retratadas nas páginas do livro.

Para quem gosta de árvores e sabe apreciar um bom livro infantil ilustrado, este livro é uma ótima opção.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Livro "Nove Plantas do Desejo e a Flor de Estufa", de Margot Berwin



Sinceramente, não consigo entender as resenhas negativas que li sobre esse livro. Alguns reclamam que a narrativa é ruim, que a autora do livro "viaja", mas o que eu posso dizer é que o li muito rapidamente, tamanha a empolgação que a obra me causou.

Sem dúvida este livro encantará mais as pessoas que entendam um pouco sobre plantas e tenham algum conhecimento sobre mitos relacionados a elas. Não fui checar todos os fatos, mas vê-se que a autora fez um bom trabalho de pesquisa para escrever a obra. Por exemplo, você poderá aprender um pouco mais sobre o cacau, orquídeas e a mandrágora, entre outras plantas não tão comuns no Brasil.

Meu único senão se dá pelo título. Não há, ao menos em minha visão, uma "única" flor de estufa na obra, motivo pelo qual eu manteria apenas "As Nove Plantas do Desejo".

Achei esta ficção melhor que "A Senhora das Especiarias", de Chitra Banerjee B. Divakaruni.

Só para dar um gostinho do que é a obra, deixo aqui uma frase que encontrei na página 95: "Quem segue as plantas não erra (...)".

Danielle Sales, 14/6/2011.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Menstruator Extraordinaire, um fanzine



Vem da minha adolescência minha paixão por fanzines. Quem me conhece há bastante tempo sabe que sempre gostei de lê-los e, mais ainda, de fazê-los. E foi por causa deles que comecei meu ativismo menstrual, embora quem me conheça há menos tempo ache que foi por causa de minhas incursões pelo sagrado feminino.

Pois há alguns meses achei um fanzine sobre menstruação num local que nunca imaginei que fosse encontrar: no site de artesanato Etsy.

Lá tomei contato com o trabalho de Jamie Schlote, uma norte-americana que fez um trabalho para a faculdade e apaixonou-se pelo tema. Não apenas fez seu trabalho de conclusão de curso sobre menstruação como criou um zine e também um site, que há bastante tempo não é atualizado.

O zine, com suas 38 páginas, é muito informativo, embora os textos se repitam muito para quem já está acostumado com o tema. A autora começa com a história da menstruação, define o conceito de menstruação radical e faz pequenos comentários sobre as opções de produtos menstruais, todos com um toque muito pessoal (o que, a meu ver, é o diferencial do fanzine). Esta parte cobre a maior parte do material.

No meio, como já é clichê em relação ao assunto, há um molde para que se possa fazer seu próprio absorvente de pano, mais ecológico do que os vendidos em farmácias etc. Não falta aquela tabelinha que compara os custos entre os tipos de absorventes e os gastos por ano.

Outros itens comuns são a tabelinha para marcar a menstruação, opções sobre o que fazer com seu sangue e o texto “If Men Could Menstruate”, da feminista Gloria Steinem.

As partes que achei mais interessantes estão no final do fanzine. Primeiro, trata-se da resenha do filme The Period. Não encontrei o filme no Brasil, mas ele é vendido na Amazon. Segundo, há resenha de três livros interessantes, sendo um deles o maravilhoso "Cunt", da Inga Muscio.

Se quiser uma cópia, entre em contato com a Jamie: jamie.scholote@gmail.com

Danielle Sales

sábado, 27 de março de 2010

Resenha - Livro "Wildfire", de Sonia Johnson




Acabo de ler um livro muito importante para minha formação diânica: Wildfire, de Sonia Johnson. Apesar de tê-lo achado muito agressivo, como nas partes em que ela fala que todos os nossos filhos, homens, são monstros e em outra em que ela diz que aids é doença de homossexual – ok, esse livro foi escrito na década de 1980 (rs) –, creio que é um livro muito inspirador, já que a idéia central dele é “fingirmos” que o patriarcado não existe para tentarmos criar uma realidade nova e diferente para as mulheres.

Como a própria autora diz, é um livro para quem quer se tornar livre e, segundo ela, primeiro precisamos nos libertar para depois ajudar a libertar a mente das outras pessoas. Precisamos nos desprogramar de toda a lavagem cerebral que o patriarcalismo nos causou.

Por exemplo, o patriarcado nos ensinou a enxergar que a realidade está fora de nós, quando Sonia explica que a realidade, na verdade, está dentro de nós. Somos nós quem criamos essa realidade a partir de nossas expectativas e crenças, a partir daquilo que percebemos como possível. Portanto, segundo ela, no mesmo instante em que o patriarcalismo não estiver mais vivo em nossos corações e mentes, ele também não existirá mais como realidade.

Sonia faz ótimas observações sobre a militância feminista que realmente me surpreenderam. Por exemplo, diz que a resistência é uma forma de reconhecimento e de aceitação do fato de que não possuímos poder algum. Um simples exemplo de como nossos corpos não são de fato nossos é entregarmos a saúde de nossos órgãos a ginecologistas homens.

Lutamos para que as mulheres tenham direitos, no entanto não paramos para pensar que o sistema legal foi feito para manter o patriarcalismo intacto, já que as leis são feitas por homens. (Apesar de eu não votar, acredito que aqui se justifique a intenção de colocar mais mulheres na política. Aliás, numa pequenina nota de rodapé, Sonia diz que “se o voto mudasse alguma coisa, ele seria ilegal”.)

Johnson diz que o sistema tirânico que existe, de dominação das mulheres por parte dos homens, é um acordo, e que ambas as partes seguem-no “com dedicação”. Sendo assim, só conseguiremos ser livres no momento em que nós mesmas nos libertarmos.
A solução, segundo a autora, é: precisamos nos comportar como se o patriarcado não mais existisse agora, pois um dos crimes mais cruéis deste foi nos ensinar a projetar nossos pensamentos no futuro, em algo que ainda não existe. O futuro só será como queremos se agirmos como queremos que ele seja AGORA.

Uma das questões discutidas no livro, para a qual eu nunca havia tido uma resposta até agora, é o fato de algumas mulheres apanharem dos maridos e ainda assim não os abandonarem. Sei que há uma questão financeira atrás desse fato, na maioria das vezes, mas nunca entendi bem a questão psicológica, que semprei achei que existia. Ela explica que esse homem isola a mulher, para que ela só possa perceber a perspectiva dele e, quando ela sofre, mesmo que esse mesmo homem bata nela, como ela não tem nenhum outro de relacionamento para apoiá-la, como vítima, ela se agarra ao aspecto apoiador e positivo do marido.

Um outro mito interessante que a autora tenta desfazer é o da igualdade. Lutamos tanto por ela, mas toda igualdade requer comparação primeiro, e a comparação significa colocar-se diante de padrões externos, feitos por outras pessoas. Na opinião da autora, o conceito de igualdade é profundamente patriarcal e só é possível para mentes “dualísticas”.

Todos reconhecem que a mulher, atualmente, desempenha diversas tarefas, como a de mãe, profissional e amante. Esquecemo-nos, porém, que esse auto-sacrifício nos foi também imposto pelo patriarcado. Matar-se de trabalhar para ganhar dinheiro ou se matar para cuidar dos outros não são atos tão inocentes assim. A falta de tempo de que todos andamos reclamando tanto tem seu motivo, mesmo que oculto, de ser: manter todos aprisionados ao sistema patriarcal.

Precisamos parar de nos comportar como homens e aceitar que somos diferentes. Precisamos deixar de lado a culpa que o patriarcado colocou por sobre as mães. Precisamos começar a ouvir nossas próprias vozes novamente. O poder está dentro de nós. Só nós mesmas podemos mudar o mundo. Se não começarmos a nos levar a sério, ninguém o fará.