quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meninas, meninos e a educação


Eu sou uma pessoa que está constantemente em crise com conceitos e estilos de vida. Se, por um lado, isso é ruim, por outro é muito bom, porque, como já dizia o Raul Seixas, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante" (e é por isso que tem gente que odeia libriano: dizem que nós somos "vira-casaca").

O fato é que eu sou feminista desde que me entendo por gente. E eu vivo explicando pros outros que eu não sou anti-homem, que eu gostaria que chegássemos num patamar de igualdade, com salários iguais, nível de exigência igual etc. Será que eu deveria me chamar, então, "igualista"?

Por que estou dizendo isso? Porque há algum tempo, no jornal, li que "meninas de apenas 4 anos se acham mais inteligentes que meninos", segundo pesquisa da Associação Britânica de Pesquisas Educacionais. Até aí, tudo bem: homens e mulheres têm suas peculiaridades e eu acho que, quando aprendermos a viver bem com elas, o mundo será um lugar melhor.

O que me incomodou nesse artigo é que "os professores têm expectativas mais altas para as garotas, crença que acaba sendo passada para os alunos e pode afetar seu desempenho".

Espera aí! Sou mãe de um menino. Não quero que os professores dele achem que ele não é capaz ou que sintam pena dele achando que ele é menos esperto do que uma menina.

Quero uma sociedade em que todos possam viver com mais igualdade, e não uma em que os preconceitos, de uma hora pra outra, se invertam.

O trabalho de pessoas como Guacira Lopes Louro, que trabalha com questões de educação e gênero, que tenta mostrar como não agir com preconceitos em sala de aula em relação às meninas, irá por água abaixo se apenas colocarmos os meninos "na bola da vez".

7 comentários:

S. Thot disse...

"E eu vivo explicando pros outros que eu não sou anti-homem, que eu gostaria que chegássemos num patamar de igualdade, com salários iguais, nível de exigência igual etc. Será que eu deveria me chamar, então, "igualista"?"


Hmmm... humanista podia ser um começo... mas tal qual o movimento negro, às vezes temos que começar pela raiz (radical) mas com a mente e o coração no todo.

Então um movimento feminista que admita homens como parceiros não é má ideia. Pois compreendo que a luta não é contra um gênero, mas contra o "arcado", no caso o "patri". E no patriarcado tanto as mulheres como os homens-beta são submetidos!

Que tal este pensamento?

Saúde, amizade, liberdade!

Green Womyn disse...

S. Thot, vc tem razão: somos todos vítimas nesse sistema patriarcal. Sabe que eu adoraria conhecê-lo pessoalmente? Tenho certeza de que é uma pessoa maravilhosa de se conversar!

Quando li sobre essa pesquisa, virei uma leoa! (rs) Vejo pessoas como Guacira Lopes Louro, que luta pela igualdade em sala de aula, publicando, lutando... e parece que o preconceito só quer virar de lado.

Abraço!

Sarah Helena disse...

Eu vejo isso direto! Quando um menino tem letra bonita muitas professoras dizem que eles devem ser gays.

Os meninos são vistos como mais burros, mais despreaparados, mais mimados, relaxados e bagunceiros, mesmo quando nada neles indique isso. Cansei de ver uma menina e um menino aprontarem a mesma coisa e o menino ser punido severamente enquanto a menina ouve um "isso não é atitude de uma mocinha" (o que me deixa louca).

ai as pessoas não entendem pq eu não queria por meu filho na escola


E temos que ser feministas mesmo. Porque enquanto não tivermos igualdade, precisamos nos impor. Só assim é que vamos conseguir ummundo melhor pros nossos meninos tanto quanto para nós.

Isabella G disse...

Concordo c/ vc.
Eu observei em casa mesmo esta expectativa distorcida. Meu irmão sempre foi mal na escola, e meus pais, ao invés de motivá-lo a estudar mais, iam o mudando para escolas diferentes (mais "fracas" cada vez), para que ele "conseguisse acompanhar". Repetiu de ano. Só que quando eu, passando vários perrengues emocionais, repeti de ano, fui expulsa de casa pela minha madrasta e minha vida meio abaixo, e eu acho que foi por causa dessa expectativa diferente.

Tem que ver onde a gente coloca nossos filhos, né? Foi só quando minha mãe me colocou numa escola Waldorf foi que eu notei que meninos e meninas eram tratados com uma igualdade que eu jamais vi antes (acho que pelo fato de mtos professores serem europeus?), e, por isso, escolhi este método tb para meus filhos na tentativa de escapar desta armadilha educacional que, bem você colocou, existe mesmo.

Anelise Csapo disse...

Ai, eu sou libriana tambem e cansei desse papo do vira casaca, isso e coisa do pessoal do contra, nao da bola nao!

Quanto a questao educacional eu tb acho ridiculo discriminar niveis de aproveitamento com base no genero de cada qual...lamentavel! INteressante a sua observacao a respeito!

Eu adoro mulheres verdes, tenho uma she hulk no meu quarto em homenagem ate, hehehehe!

Bom, cresci numa casa cheia de mulheres, tenho 2 irmas e meu pai nunca fez qualquer comentario a respeito do aproveitamento educauional em relacao ao fato de sermos mulheres...e ele e professor de fisica, super chegado na pedagogia (a sua maneira, claro), mas uma pessoa que pondera inteligentemente diversas questoes. Eu repeti de ano porque eu era assumidamente vagal, amava dormir em detrimento a estudar. So isso!

desculpe o teclado sem acento....

BJSBJS BJSBJS

Green Womyn disse...

Meninas, obrigada por deixarem seus comentários aqui e, mais ainda, por me deixarem perceber que esse não é um pensamento só meu.

Percebi o preconceito às avessas e vocês vieram aqui e me disseram que na vida de vocês ele também existe.

Continuemos lutando por igualdade!

anfibia disse...

dani, minha querida
vc sabe que sou mãe de um menino, educadora e... extremista.

pra mim a escola é um lixo pra meninos E meninas. esperar que ambos os sexos sejam felizes ou bem sucedidos nesse ambiente, é desejar a manutenção de uma porcaria.

não sou pela igualdade (fiz um post sobre isso hj mesmo). sou pela educação totalmente despadronizada que tem por objetivo desenvolver indivíduos, não treinar funcionários de um mundo do qual duvidamos.

como mãe de menino espero que suas particularidades (fisiológicas, emocionais, de personalidade) não sejam ignoradas ou reprimidas, e seria assim se tivesse uma menina tbm.

obrigada! adorei o texto e sua reflexão! bjs