Há muito
tempo, lendo uma dessas revistas femininas mainstream, li que a Sandra Werneck
estava gravando um documentário sobre adolescentes grávidas em favelas do Rio
de Janeiro. Gostaria de tê-lo visto antes, mas não tive oportunidade.
Hoje pela
manhã, zapeando pelos canais da tevê por assinatura, achei o documentário
Meninas (lançado em 2005) resolvi vê-lo antes do almoço de domingo em família.
O que vi
foi a história de quatro meninas que engravidaram cedo, deixando para trás seus
sonhos por uma vida melhor, que, não raro, eram sonhos também compartilhados
pela mãe delas.
Uma tem
treze anos, outra tem quinze. E imediatamente sou transportada para a minha
infância no Rio de Janeiro, quando a afilhada da minha mãe, de apenas treze
anos, engravidou. Lembro que isso era um tabu e eu não podia ficar perguntando.
Notei que os adultos tentaram esconder o fato de mim e de uma outra prima
minha, um ano mais nova.
Uma
engravida de um rapaz que está envolvido com o tráfico de drogas. Outra
engravida de um rapaz que também engravidou outra moça. Histórias trágicas, mas
que algumas meninas contam rindo, assim como fazem quase todas as adolescentes. Uma delas até mesmo diz que a criança será sua "boneca".
Uma moça
diz que pegava camisinhas no hospital, mas que nem sempre as achava lá.
O espectador decide entre pensar que a menina está mentindo ou então que o
sistema de saúde não está preparado para lidar com adolescentes que estão
iniciando a vida sexual. Fico imaginando a quantidade de camisinhas que são dadas a essas
moças e rapazes. Três? Quatro? Fico me questionando por que motivo as pessoas que entregam
essas camisinhas não dão mais orientações sobre vida sexual e gravidez
indesejada a essas pessoas.
A falta de
estrutura familiar também fica clara no documentário. A menina de quinze anos
perdeu o pai, que era traficante. Cuida de quatro irmãos enquanto a mãe trabalha para sustentar a família inteira sozinha. A outra vai ao baile
funk mesmo grávida e bebe cerveja durante a gestação. Trata a mãe mal
e essa mesma mãe ri. Aliás, se ele não rir, vai fazer o quê?
O
documentário é leve, mas trouxe uma tristeza imensa ao meu coração, ao ponto de
eu não conseguir almoçar direito. O final foi triste e, se você quiser assisti-lo, ele está disponível, completo, aqui.
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