domingo, 8 de setembro de 2013

Documentário - "Meninas", de Sandra Werneck





Há muito tempo, lendo uma dessas revistas femininas mainstream, li que a Sandra Werneck estava gravando um documentário sobre adolescentes grávidas em favelas do Rio de Janeiro. Gostaria de tê-lo visto antes, mas não tive oportunidade. 

Hoje pela manhã, zapeando pelos canais da tevê por assinatura, achei o documentário Meninas (lançado em 2005) resolvi vê-lo antes do almoço de domingo em família.

O que vi foi a história de quatro meninas que engravidaram cedo, deixando para trás seus sonhos por uma vida melhor, que, não raro, eram sonhos também compartilhados pela mãe delas.

Uma tem treze anos, outra tem quinze. E imediatamente sou transportada para a minha infância no Rio de Janeiro, quando a afilhada da minha mãe, de apenas treze anos, engravidou. Lembro que isso era um tabu e eu não podia ficar perguntando. Notei que os adultos tentaram esconder o fato de mim e de uma outra prima minha, um ano mais nova.

Uma engravida de um rapaz que está envolvido com o tráfico de drogas. Outra engravida de um rapaz que também engravidou outra moça. Histórias trágicas, mas que algumas meninas contam rindo, assim como fazem quase todas as adolescentes. Uma delas até mesmo diz que a criança será sua "boneca".

Uma moça diz que pegava camisinhas no hospital, mas que nem sempre as achava lá. O espectador decide entre pensar que a menina está mentindo ou então que o sistema de saúde não está preparado para lidar com adolescentes que estão iniciando a vida sexual. Fico imaginando a quantidade de camisinhas que são dadas a essas moças e rapazes. Três? Quatro? Fico me questionando por que motivo as pessoas que entregam essas camisinhas não dão mais orientações sobre vida sexual e gravidez indesejada a essas pessoas.

A falta de estrutura familiar também fica clara no documentário. A menina de quinze anos perdeu o pai, que era traficante. Cuida de quatro irmãos enquanto a mãe trabalha para sustentar a família inteira sozinha. A outra vai ao baile funk mesmo grávida e bebe cerveja durante a gestação. Trata a mãe mal e essa mesma mãe ri. Aliás, se ele não rir, vai fazer o quê?


O documentário é leve, mas trouxe uma tristeza imensa ao meu coração, ao ponto de eu não conseguir almoçar direito. O final foi triste e, se você quiser assisti-lo, ele está disponível, completo, aqui.

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